sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Na minha aldeia

Foto de https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography/?fref=ts (Norte da Madeira)


Quando o ocaso descia na aldeia e a montanha se iluminava de mornos raios laranja, chamando os coelhos para fora das tocas, voltavam para casa os filhos da terra. Era o sol dos coelhos à hora das ave-marias cantadas na igreja.

As mulheres nas soleiras das portas, aqueciam seus corpos na hora do penteado das feiticeiras, esperando seus homens que rasgando caminho corriam para seus colos.

Caía o mais severo silêncio enquanto esmoreciam os últimos raios de sol e cada instante era festejado na eternidade do orgasmo.


Quando o frio respondia da montanha e os coelhos recolhiam às tocas, deixavam estes homens as suas mulheres, prenhas de tristeza e saudade e tudo se transformava em tempo até o próximo sol.

17 comentários:

  1. Olá, Rita!

    Que prosa tão agradável, acessível, real e ternurenta, a tua!
    É assim o cotidiano dos que amam. O pôr do sol traz, sempre, coisas boas e põe em prática, concretiza desejos, imperando o sagrado e orgástico silêncio.
    Depois, como sempre, num momento, numa eternidade, partem os homens. As vontades vão-se criando até ao crepúsculo do próximo acontecer.

    Boa sexta e melhor fim de semana. Em Lisboa chove. Eu espero o sol.

    Beijos.

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  2. Um texto bonito, aparentemente despretensioso, mas, na minha opinião, com grande profundidade. Os opostos em evidência.

    Com um "obrigada" pela presença constante e pelas palavras de carinho, desejo que o Novo Ano lhe traga dias muito felizes, junto de toda a família.
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

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  3. Uma aldeia tão humana...

    abraço Rita

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  4. Gostei do texto
    mas aquela forma de contar
    simboliza a tristeza

    que vive do sol
    e entra nos corações apertados
    quando esse sol desaparece!

    Entendo o que pretende dizer
    e mostrar!

    Maria Luísa Adães

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  5. o eterno retorno,

    a sua aldeia de sol


    um abraço, Rita

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  6. O entardecer, tão lindo mas que trás por vezes uma certa nostalgia.
    Excelente texto
    Beijinhos
    Maria

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  7. ~~~
    ~ Os difíceis dias de inverno no campo,

    muito bem enquadrados e definidos, no seu cerne.

    Apesar do tempo turbulento, dias sorridentes e agradáveis.

    ~~~ Beijinho. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  8. As memórias da aldeia com a aparente calma a fervilhar na hora do crepúsculo.
    Um excelente texto.
    Um beijo.

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  9. Belo texto, Rita! Poesia em prosa, que nos transmite a nostalgia e o encanto do crepúsculo nas aldeias! Boa semana.

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  10. Um belo relato das memórias da aldeia.
    Numa excelente prosa, que dá imenso gosto ler.
    Rita, bom resto de semana.
    Beijo.

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  11. Um retrato muito poético de palavras.

    beijinho amigo

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  12. :) tão bonito, um beijinho e um bom fim-de-semana!

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  13. Boa tarde, impossível esquecer a beleza do por do sol da sua aldeia, simplesmente é maravilhoso.
    AG

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  14. Hoje vim agradecer a você por todas as vezes que carinhosamente esteve no meu blog e pelos comentários delicados que me deixou. Infelizmente nem sempre eu tenho tempo para te agradecer e te visitar, porém jamais me esqueço de você... Muito obrigada...

    Beijos
    Ani

    HTTP://cristalssp.blogspot.com.br


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  15. Na minha aldeia, em temos idos também era assim o cotidiano das pessoas. A aldeia continua a mesma no nome, na localização, mas no mais, tudo mudou. Poderei dizer que está melhor, a minha aldeia; becos se transformaram em caminhos e elas estradas, casebres em bonitas casas, paredes de cascalho em resistentes muros de cimento. Vou lá e volto com saudade e nostalgia; procuro as pessoas e não as encontro; nos campos foram substituídas pelas máquinas e algumas já partiram. Está mais bonita, a minha aldeia, mas falta-lhe o encanto das mulheres sentadas nas soleiras e das crianças brincando nas eiras. Não se vê crianças na minha aldeia.....a escola as ocupa e a brincadeira só no recreio. Rita, muito obrigada por este belo momento. Um beijinho e votos de que estejas bem.
    Emilia

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