sexta-feira, 27 de abril de 2012

Vazio

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography



Despida de roupa, despida de emoções
Atirada ao sabor das ondas
Rendi-me e entreguei-me ao todo e ao nada
Entrei no vazio sem passado nem futuro

Nesse momento de nudez perpetuado no agora
Sem corpo nem matéria viva de densidade
Sinto no vazio o canto das baleias
Seguindo a luz do farol da ilha

Nesse momento de nudez me entrego
Nesse vazio silencioso me pacifico
Nesse farol me reencontro



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não sei o meu nome






Gravei os meus nomes em jazigos
Sepultados nas falésias das vidas
Mas não sei quem sou
Para além dos nomes 


Alguém me chamou um nome
Nas metamorfoses de vidas encarnadas
E nos papeis desconformes vividos
Mas… Não sei o meu nome


Talvez no Universo me reencontre
E alguém grite a vibração das letras
Um qualquer nome no vácuo  


Mas... ninguém sabe quem sou
Ninguém sabe o meu nome

quarta-feira, 11 de abril de 2012

VIAGEM

https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography





Amei essa terra onde rebolei, entranhando na pele a poeira húmida.


Molhei o corpo nas chuvas mornas de verão e amei como quem nunca amou.

Amei esse mar salgado que me acariciou, que me perfumou de maresia e me sussurrou de amor, nas longas marés vestidas de algas.

E amei esse lugar, onde o silêncio se fez companheiro, onde o sol me acariciou o corpo e a briza me refrescou a alma.

Nessa viagem carrego esse amor e nesse vento me entrego, levando comigo o canto das sereias, levando comigo as telas pintadas desse sentir.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Nada me pertence








Nada me pertence,
 neste latejar da terra
Neste navegar das marés
 nas noites de lua
Na sombra morna das árvores
 onde me sinto
Nesse cheiro de laranjeira
 que me desperta

Nada me pertence
 neste sono profundo
No cansaço de noites
 de amor utópico
Neste fogo intenso
 vazio de conteúdo
Na inércia ensombrada manhãs 

Nesse planeta de filhos pródigos,
 humanos em redenção
Nada me pertence
 
Só a saudade
 
Pertence-me a saudade
 entranhada nas veias de lava
Pertence-me o vulcão,
cratera de nostalgia
Nada me pertence
não fosse essa saudade…