quinta-feira, 28 de março de 2013

Por vezes simplesmente morres






 
Porque morres lentamente quando o dia expira mornamente
E o teu olhar balança na neblina dessa estrada
Vendo o caminho longo que te escasseia a esperança
E sabes que te afastaste de tudo embebido em ti

Às vezes morres sem olhar o céu
E os pássaros cantam o hino da libertação, e deixas cair o corpo num impasse
Talvez as ruínas desse tempo te levem a ver a morte
E despertes desse sono induzido pela velha fada

Por vezes simplesmente morres, como se o rio secasse 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher






Mulher, 
Meretriz do destino efémero
Deusa do erotismo e da beleza

Divindade da reprodução 
Por ti os poetas choram
Por ti os artistas criam

E os filhos nascem e as flores brotam
 
Mulher, que alumias o altar dos homens.

domingo, 3 de março de 2013

Torre de marfim







Construí torres que se fizeram de marfim
Trajei-me de comediante em busca da alegria
Espalhei risos tentando sorrir
Procurei amar sem sentir o amor

Talvez os lamentos da ribeira me despertem
E os murmúrios da ilha me contem histórias
Nas entrelinhas de um poema que me asfixia

Agora ouço a respiração da noite
E sinto a misteriosa sedução do vampiro

Talvez deixe de amar 
Em torres de marfim…