quarta-feira, 4 de junho de 2014

Estações

Fotografia de https://www.facebook.com/#!/JCarvalhoPhotography




Pregada na estação

A viuvez trazida no som dos carris
A saudade dorida na lenta espera

E esse comboio que não te encontra nas estações perdidas

Herói errante
Caminhante da vida

Desperta-me a melodia longínqua de um acordeão

Trazendo-me um velho tango

Numa dança mesclada de tristeza e paixão

No vazio entre um e outro comboio

Surpreendi a lua na estação vazia

E fugi, para curar a dor



22 comentários:

  1. Nas várias estações da vida encontramos de tudo - às vezes solidão.
    Triste mas muito bonito.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. A vida tem destas coisas: a cada dia uma nova "estação" onde nos procuramos. Um poema muito belo.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  3. É sempre bom se afastar da dor.
    Cadinho RoCo

    ResponderEliminar
  4. como um inverno frio e nós à espera

    um abraço, Rita

    ResponderEliminar
  5. somos verdadeiros peregrinos na estrada do tempo... a melancolia sibila a canção da espera enquanto o tempo escarnece dos versos lavrados no desassossego da viagem...

    tão bonito, rita, e tão verdade! e a foto, uma maravilha!

    beijinho!

    ResponderEliminar
  6. Imagem linda você escolheu para ilustrar a postagem. Os viajantes se desencontram nas estações da vida. Bjs.

    ResponderEliminar
  7. Querida amiga

    São belas
    as palavras
    que nos acariciam
    o coração...

    Obrigado por semear o belo
    em um mundo tão carente
    de sentimentos bons.

    ResponderEliminar
  8. há estações que não estamos aguardamos e somos obrigados a ser passageiros
    por vezes anónimos nas carruagens
    e nas dores que são nossas, e que não adianta fugir.

    muito sentido.

    a foto é muito bonita!

    :)

    ResponderEliminar
  9. Belo e lúdico poema, amiga, escrito talvez a quatro mãos com a saudade. Boa semana!

    ResponderEliminar
  10. Mas nem todos os comboios param na nossa estação...
    Um poema magnífico, gostei imenso.
    Um beijo, querida amiga Rita.

    ResponderEliminar
  11. Mas nem todos os comboios param na nossa estação...
    Um poema magnífico, gostei imenso.
    Um beijo, querida amiga Rita.

    ResponderEliminar
  12. What's up everybody, here every person is sharing these experience, so
    it's pleasant to read this website, and I used to pay a quick visit this web
    site everyday.

    My site - geometry dash download

    ResponderEliminar
  13. Uma semana depois, gostei de te reler.
    Tem um bom domingo e uma boa semana, querida amiga Rira.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  14. Oi Rita lindo poema. E bela foto.
    Passamos por muitas estações, nem sempre são boas.
    Mas as vezes é bom ficarmos na solidão para um melhor aprofundamento
    de quem somos e para onde estamos indo.
    abraços
    janicce

    ResponderEliminar
  15. Por vezes precisamos, sim, de ir embora para curara dor... na certeza, porém, de que a outra estação aportaremos...

    beijo amigo

    ResponderEliminar
  16. É tão difícil fugir da dor...
    Rita, um beijo!

    ResponderEliminar
  17. Reli o poema e achei-o ainda mais bonito.
    Muitas vezes acontece… À primeira leitura escapa qualquer coisa que, no fundo, é muito importante.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  18. Será que indo embora a dor acaba
    mas é muito bonito, cada palavras cada verso


    Bom final de semana
    Bjusss

    └──●► *Rita!!

    ResponderEliminar
  19. Boa semana, Rita. Aguardo o próximo post.

    ResponderEliminar
  20. É um poema sobre a morte. E a vida.

    Permita-me derivar numa reflexão: uma mera refracção pode apontar um peito, uma dor do coração, na memória, uma perda, uma perda trágica - a dor é verdadeira, triste, sem consolação em toda a sua imensidão de dor mas a razão de expô-la jamais seja a de pregar uma lição. Nunca abaixemos ninguém com a nossa elevação porque às vezes feias palavras reflectem, oblíquas, acção de fealdade sobre nós cometida que na mera refracção tão somente apontam a dor dum coração mas verdadeiramente ao sofrimento deste não pretenderam ferir nem humilhar, antes revelam daquele que assim estaria a ser ensinado outra dor, a sua, a dele, ofensa que partiu daquele mesmo de cujo peito pende a dor como a lua no céu. Separadas as águas do sofrimento, isto é, a cada um a sua distinta dor - e onde não existem relações deixemos nós o espaço vazio e em paz respirar, o palco também fica às escuras quando a peça acaba.

    Tanto para dizer que o poema é muito belo, muito belo sim, nos seus processos de animismo do mundo menos do que inanimado, mecanicamente animado (os carris, o combóio, o acordeão (gradação e transformação) e que vão despertar a consciência, aqui, inversão, eles que necessitam sofrer a acção humana, de ser agidos pela acção humana desencadeiam o humano) e da paisagem humana tornada imóvel, passiva, expectante e não interferente, as imagens de ausência de movimento externo em conjugação com o movimento interno numa ascensão dramática também (primeiro imóvel, pregada - desperta, lembra, surpreende (vê) e – foge (e termina totalmente dinâmica), imagens de ausência de movimento expressas em verbos de movimento: a dos carris e da viuvez, a do combóio e a ausência do viajante (há um caminhante mas que ninguém vê caminhar, todo o movimento humano é desintegrado); com as imagens do acordeão pela música invocando a vida e a dor, casamento do sangue e do sentimento (evolui da viuvez) e a dança, que é movimento, vai emparelhar o par antitético da vida e do sentimento que a pára, a tristeza lentifica, para um ritmo, uma contracena e quando o mundo imóvel animado pára (ou repousa?) e retoma o imobilismo é que se dá o movimento humano, não vida ou mecanicamente vida, movimento não vivo pois trata-se de fugir – aparentemente, porque há um contraste na acção física de correr (esta imagem colhe-se de fugir) com a acção mental de sentir a dor, e assim recolocam-se os sujeitos, inanimados e animados, no lugar a que pertencem neste jogo entre a paisagens, a paisagem exterior e a paisagem humana interior que sim essa é vida e viva mesmo recordando a morte e o lugar físico dela, onde a lua marca o regresso ao mundo interior e ao que dolorosamente vive nele. É muito belo este poema e mais belo ainda se a dor cantada for a imagem da sua e não.

    Quero assim vê o poema e o lê não pode ser insensível à dor. Espero de quantos poderiam ter sido eles a escrever este poema, de certo alguém, a minha redenção para poder voltar à minha vida e às minhas mortes.

    Maria João

    ResponderEliminar
  21. É um poema sobre a morte. E a vida.

    Permita-me derivar numa reflexão: uma mera refracção pode apontar um peito, uma dor do coração, na memória, uma perda, uma perda trágica - a dor é verdadeira, triste, sem consolação em toda a sua imensidão de dor mas a razão de expô-la jamais seja a de pregar uma lição. Nunca abaixemos ninguém com a nossa elevação porque às vezes feias palavras reflectem, oblíquas, acção de fealdade sobre nós cometida que na mera refracção tão somente apontam a dor dum coração mas verdadeiramente ao sofrimento deste não pretenderam ferir nem humilhar, antes revelam daquele que assim estaria a ser ensinado outra dor, a sua, a dele, ofensa que partiu daquele mesmo de cujo peito pende a dor como a lua no céu. Separadas as águas do sofrimento, isto é, a cada um a sua distinta dor - e onde não existem relações deixemos nós o espaço vazio e em paz respirar, o palco também fica às escuras quando a peça acaba.

    Tanto para dizer que o poema é muito belo, muito belo sim, nos seus processos de animismo do mundo menos do que inanimado, mecanicamente animado (os carris, o combóio, o acordeão (gradação e transformação) e que vão despertar a consciência, aqui, inversão, eles que necessitam sofrer a acção humana, de ser agidos pela acção humana desencadeiam o humano) e da paisagem humana tornada imóvel, passiva, expectante e não interferente, as imagens de ausência de movimento externo em conjugação com o movimento interno numa ascensão dramática também (primeiro imóvel, pregada - desperta, lembra, surpreende (vê) e – foge (e termina totalmente dinâmica), imagens de ausência de movimento expressas em verbos de movimento: a dos carris e da viuvez, a do combóio e a ausência do viajante (há um caminhante mas que ninguém vê caminhar, todo o movimento humano é desintegrado); com as imagens do acordeão pela música invocando a vida e a dor, casamento do sangue e do sentimento (evolui da viuvez) e a dança, que é movimento, vai emparelhar o par antitético da vida e do sentimento que a pára, a tristeza lentifica, para um ritmo, uma contracena e quando o mundo imóvel animado pára (ou repousa?) e retoma o imobilismo é que se dá o movimento humano, não vida ou mecanicamente vida, movimento não vivo pois trata-se de fugir – aparentemente, porque há um contraste na acção física de correr (esta imagem colhe-se de fugir) com a acção mental de sentir a dor, e assim recolocam-se os sujeitos, inanimados e animados, no lugar a que pertencem neste jogo entre a paisagens, a paisagem exterior e a paisagem humana interior que sim essa é vida e viva mesmo recordando a morte e o lugar físico dela, onde a lua marca o regresso ao mundo interior e ao que dolorosamente vive nele. É muito belo este poema e mais belo ainda se a dor cantada for imagem e não a refracção para onde, por subjectivos motivos, derivei no início.

    Quem assim lê o poema, o vê – e vê quem escreve, dois movimentos. Espero de quantos poderiam ter sido eles a escrever este poema, de certo alguém, a minha redenção para poder voltar à minha vida e às minhas mortes.

    Maria João

    ResponderEliminar